Enfrento, e reconstituo os pedaços, a gente enfeita o cotidiano - tudo se ajeita.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

gosto de finais felizes. Gosto e desgosto que gosto. Sim, eu gosto de finais felizes, mais do que dos tristes. Faz-me bem ouvir "E eles viveram felizes para sempre", pois se a ultima coisa que eu ler for sobre as lagrimas dos personagens isso me assombrara a noite inteira, inundando meus pesadelos de águas salgadas. É, acabei de usar hipérbole e metáfora, mas o que quero dizer é bem mais simples que isso, apesar de ter tudo haver: Finais tristes me perturbam, é como se a história não tivesse chegado ao fim. Pois não chega ao fim até os mocinhos esbanjarem sorrisos de pé sobre os corpos dos maus. Isso é um conceito infantil, mas existem coisas infantis que não deixam de ser boas só por serem infantis.
Finais tristes perturbam-me, asfixiam-me e me deixam ansiosa. Caso seja diferente com você, explico que durante a narração os personagens tornam-se meus melhores amigos, eles falam com vozes do silencio, mas eu posso ouvi-los, posso amá-los mesmo que não existam e, com certeza, posso chorar por eles. Como a meus amigos de carne e osso, também quero um final feliz para meus amigos de papel, mas isso me deixa contrariada.
Para mim, finais felizes são para contos de fadas. Nada contra eles, mas nunca foi meu gênero favorito. Acredito firmemente que finais tristes têm seu charme, mistério e beleza indescritíveis, pois a tristeza é algo lindo nos livros. As histórias tristes são bonitas, isso é porque são tristes. A tristeza é algo belo. Poderia ter um gosto menos salgado.
E eis que aqui me encontro, com uma faca na mão e a possibilidade de usá-la. A melhor coisa que pode superar ler um livro é você mesmo escrever, é inominavelmente bom. Eu não quero brincar de Deus, mas quando escrevo é isso mesmo que sou. Eu crio vida e posso acabar com ela. Posso criar um mundo com leis e sociedade e depois explodi-lo com uma guerra nuclear. Estou escrevendo e não estou gostando do rumo que estou tomando, tem tudo para ser um livro de terror e morte, mas está mais para um romance perturbador. Seria muito satisfatório acabar com o clima e trazer o mal que meus personagens escondem, mas eu não quero acabar com a mocinha ou o "mocinho" que não é tão mocinho assim. Bem, resumindo, adoro finais felizes. Por isso acho que posso ser uma boa escritora, mas nunca ótima. Uma ótima escritora tem que estar disposta a matar seus melhores amigos, seus sonhos, seus amantes, seus heróis de papel e fazer um final triste e belo. Eu não estou disposta a tanto... Por hora.

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