Enfrento, e reconstituo os pedaços, a gente enfeita o cotidiano - tudo se ajeita.

sábado, 11 de julho de 2009

Me sinto uma menininha contando seu dia para seu querido diário, e acho que é isso que eu desejo: voltar a ser uma frágil menina. Sinto falta de quando minhas preocupações se reduziam a não deixar com que o cabelo de minhas bonecas ficassem verdes de tanto dar banho. Sinto falta de dormir ao som de uma canção de ninar nos braços calorosos de meus pais. Eu queria voltar nos dias em que era consolada por pensar que o bicho papão estava embaixo da minha cama. Quando eu chorava não precisava nada mais do que um beijinho e um colo para que a dor passasse. Quando eu caia alguém sempre me levantava. Eu era apenas uma criança que não queria nada mais do que continuar sendo uma criança. E hoje, o que eu sou? Quando choro não há beijo ou colo que faça a dor - muito maior do que a de antes - passar. Parece que, em certos momentos, o mundo desaba sobre você. Hoje, quando eu caio ninguém me levanta, dificilmente. As pessoas podem passar por cima, mas não estendem a mão para ajudar.
Porque não posso continuar vendo o mundo com os olhos de criança? Porque toda a inocência não está mais aqui? Porque eu não posso ser embalada para dormir ou amparada quando me machuco? Crescer deveria significar apenas amadurecer, mas hoje, crescer é esquecer seus sonhos e viver apenas em um lugar incompreensivel e corrupto que chamam de mundo real. É como se quando você se torna adulto você recebe uma mascara séria e é isso que você tem que ser. Você não precisa de contos de fadas nem de canções para dormir. Você não tem mais 5 anos para esperar ansiosamente a chegada do natal. Quando estamos na infância nós somos felizes e nem damos conta disso. Podemos falar o que pensamos, chorar quando queremos, sorrir quando der vontade. Aí então crescemos e temos que sofrer calada e sorrir falsamente porque é isso que a sociedade quer. Agora, encontro refúgio em minhas lembranças. Lembranças de um mundo de super heróis e finais felizes para sempre.


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